Depoimento – Bruna Akemi Inoue (JICA – Programa de formação da Futura Geração da Comunidade Nikkei)
Com o intuito de conhecer melhor o país de origem de nossos avós, um total de 20 universitários nikkeis da América Latina, sendo 9 do Brasil, foram para o Japão através da bolsa de estudos oferecida pela JICA. Além de conhecer a cultura e estudar em universidades japonesas, nós passamos esse mês vivenciando como os japoneses vivem, desde andar pelas ruas até a estação a pegar trem sozinho nas várias linhas de Tokyo.
Nós tivemos nossa primeira orientação em São Paulo, onde pudemos conhecer as pessoas que iam com a gente. Apesar de já conhecer alguns dos bolsistas, a ansiedade era grande: conhecer novas pessoas, morar e estudar um mês no Japão e novas experiências. A maioria dos bolsistas já era fluente na língua, diferentemente de mim, que apesar de entender bem, tinha dificuldades na fala e isso foi um motivo de insegurança pessoal no começo da viagem.
Primeiramente iria com um grupo fazendo conexão pelos Estados Unidos, porém com um erro na minha passagem, acabei indo com o grupo que faria conexão em Dubai. Já no aeroporto de São Paulo conhecemos os dois estudantes do Paraguai, que iriam pegar o mesmo voo que o nosso e após longas 30 horas de viagem, chegamos ao Japão e logo fomos rumo a Yokohama, onde iríamos morar.
Nos primeiros dias, recebemos mais orientações sobre nossa viagem e estudos, também tivemos algumas palestras sobre a história da imigração japonesa e sobre a vida dos nikkeis nos países da América Latina. Visitamos o museu da imigração no prédio da JICA e fizemos um pequeno tour pela cidade de Yokohama. Com o final de semana livre, pude visitar meu amigo que mora em Tokyo e conheci muitos bairros famosos da cidade como Shibuya, Harajuku, Omotesando, Yoyogi, Kichijoji, entre outros locais.
Já na segunda semana, conhecemos um pouco melhor os pontos turísticos mais próximos da cidade de Tokyo, como o Museu Edo-Tokyo, o bairro de Asakusa e fomos a Kamakura, local Kamakura, com Mei Kawahara. famoso pelo grande buda (“daibutsu”). Nessa semana começamos também a frequentar a universidade (Yokohama National University), em que pudemos conhecer e conversar um pouco com os estudantes japoneses. A maioria das perguntas eram voltadas para a educação deles, como no Brasil é uma área defasada, tentávamos entender qual a principal diferença entre a educação desses países.
Como dividiram os bolsistas em áreas de conhecimentos, o grupo “A” (exatas) frequentou aulas normais de assuntos como arquitetura, planejamento urbano, engenharia civil, mecânica, ambiental, mecatrônica, espacial e naval; nessas aulas, os professores ou os próprios alunos mostravam suas pesquisas e estudos, assim, pudemos ver um pouco o nível da educação do Japão. Apesar do vocabulário difícil utilizado nas aulas, foi uma experiência muito enriquecedora e me fez ter mais interesse em um dia estudar no Japão. Tivemos também algumas aulas para conhecer melhor a cultura japonesa, como o “iaido” um tipo de arte marcial japonesa não muito conhecida no Brasil; aprendemos também a nos vestir com o “yukata”, vestimenta tradicional japonesa no período do verão, e participamos de uma cerimônia tradicional do chá. Além da YNU, conhecemos também a Tokai University, onde fizemos um tour pelo seu hospital universitário, muito renomado. A Tokai é famosa também pela sua pesquisa e execução de carro solar que já ganhou alguns prêmios mundialmente.
Na última semana, fizemos a viagem de estudos, onde fomos de trem bala para Kyoto; lá, por ser uma cidade mais tradicional do Japão, visitamos alguns pontos e templos muito famosos como o “Kiyomizu-dera”, que fica lindo em qualquer estação do ano e o “Fushimi inari-taisha”, famoso pelos seus milhares de “toori”; fomos também para o castelo de “Nijo”, antiga moradia do imperador antes de mudarem a capital do Japão para Tokyo. Após conhecer Kyoto, fomos para Kobe, outro local histórico, assim como Yokohama, para a imigração japonesa, pois muitos navios saíram do porto dessa cidade em direção às Américas. Depois da viagem de estudos, voltamos a Yokohama e tivemos algumas rodas de discussões em que falávamos do futuro da comunidade Nikkei e como iríamos contribuir para ela: para que haja mais interesse dos jovens em relação ao Japão e para que continuemos a cultura e tradições dos nossos antepassados.
O Japão sempre foi um exemplo pra mim, e passar um mês lá foi uma das melhores experiências que já vivenciei e de muito crescimento pessoal. Não só pelo fato de estar no Japão, mas também por conhecer novas pessoas de locais totalmente diferentes dos que de costume e ter experiências que eu jamais teria, se não com uma bolsa de estudos dessas.
Bruna Akemi Inoue
JICA – Programa de formação da Futura Geração da Comunidade Nikkei (Universitários)